Displasia do Cotovelo
Definição:
A displasia do cotovelo é um conjunto de quatro doenças (anomalias de desenvolvimento), que levam a uma má formação e degeneração da articulação do cotovelo.
Displasia do cotovelo:
• Não união do processo ancóneo (NUPA)
• Osteocondrite dissecante (OCD)
• Fragmentação do processo coronóide (FPC)
• Incongruência do cotovelo Genética
• A displasia do cotovelo é uma doença Hereditária - Heritabilidade elevada
• Índice de heritabilidade entre 0.25 a 0.45
Predisposição
• Raças grandes e gigantes
• Idade
o Sinais clínicos aparecem entre os 4 e os 10 meses Diagnóstico - 4 e 18 meses
o Sinais de artrose podem surgir em qualquer idade
• Sexo
o FPC - predominam nos machos
o Não há predominância de sexo nos outros processos
Causas
• Desenvolvimento
• Nutricional
Fatores de Risco
• Crescimento e ganho de peso muito rápidos
• Dietas hipercalóricas
Etiologia
• São uma manifestação de um processo de osteocondrose e/ou incongruência da articulação Incongruência entre a tróclea do cúbito e o rádio - assincronia do crescimento. Forma-se um degrau
• Esta assimetria torna-se evidente entre os 4 e os 6 meses de idade
Não União do Processo Ancóneo
• Não ossificação do processo ancóneo Centro de ossificação separado
• Deve unir até os 5 meses de idade
FPC – Fragmentação do Processo Coronóide
• Fragmentação do processo coronóide medial do cúbito
• Manifestação de uma osteocondrose do cúbito (não traumático)
Incongruência do Cotovelo
• Malformação e mau alinhamento do cotovelo Assincronia do crescimento entre o rádio e o cúbito
• Leva a uma incongruência da articulação com formação de artrose
Exame físico
• Dor à flexão e extensão do cotovelo Dor quando seguramos o carpo e o cotovelo a 90º e fazendo pronação e supinação do carpo O membro afetado tem tendência a ser mantido em abdução e supinação
Efusão e distensão capsular
• Crepitação (DJD)
Sinais clínicos
• Sinais surgem entre os 4 e os 6 meses Episódios de claudicação Abdução do cotovelo Relutância à flexão e extensão do cotovelo Rotação da extremidade quando em extensão Com o avançar do processo de osteoartrose os sinais clínicos tornam-se crónicos Passam a maior parte do tempo deitados e com claudicação permanente
• Espessamento da cápsula articular e formação de osteófitos
Diagnóstico
• Radiografias
o mediolateral mediolateral hiperflectida craneocaudal-lateromedial oblicua 25º
o craneocaudal
o Radiografias de ambos os cotovelos Citologia do líquido articular Artroscopia
• TAC
Cirurgia NUPA
• remoção
• osteotomia do cúbito
OCD e FPC
• remoção do fragmento solto
Incongruência
Restrição do exercício após cirurgia
Dieta
• Controlo de peso
• Dietas adequadas
Prevenção
• Não cruzar os animais afetados
• Cães ou cadelas que tiveram filhos com displasia do cotovelo não devem ser de novo reproduzidos.
Displasia Coxofemoral
A Displasia coxofemoral foi descrita no cão no ano de 1935. A diferença entre o homem e o cão é que a displasia coxofemoral no cão é uma doença hereditária, mas não é congénita: o cão não nasce com displasia, mas devido à influência de fatores ambientais, alimentares, excesso de exercício, etc., e unida a um importante componente genético, origina-se um desequilíbrio entre a massa muscular e o desenvolvimento esquelético, resultando numa falta de congruência entre o acetábulo e a cabeça do fémur. Basicamente temos dois tipos de displasia:
1. Acetabular - Típica no Pastor Alemão e Labrador Retriever, em que existe aplanamento do acetábulo associado a uma escassa cobertura acetabular da cabeça femoral.
2. Do colo do fémur - Caracteriza-se essencialmente pela alteração do ângulo femoral e na falta de pressão ao nível do acetábulo. A perda de contacto entre a cabeça femoral e o acetábulo provoca instabilidade articular e laxidão coxofemoral, originando posteriormente a osteoartrose.
Afeta classicamente raças grandes e gigantes. Foi descrita em mais de 70 raças. A incidência é de 48% em S. Bernardos, 31% em Bullmastiff, 23 % Golden Retriever, 22% Rottweiller, 21% Pastor Alemão. Está descrita em raças pequenas como o Cocker Spaniel e inclusivamente em gatos (persa). Afeta de forma bilateral em 90% dos casos, não existindo predisposição sexual.
Fatores que predispõem ao aparecimento da displasia coxofemoral:
• Fatores Genéticos - A hereditariedade desta doença tem um carácter poligénico (não se sabe quantos genes intervêm). Muitos animais podem mostrar um fenótipo normal com radiografia correta, mas serem genotipicamente portadores do carácter displásico e transmitir à descendência, o que complica grandemente a sua erradicação.
• A constituição da própria raça é também um fator determinante na apresentação de displasia, assincronia entre o desenvolvimento ósseo e muscular (Ex. Labrador), morfologia intrínseca do acetábulo pouco profundo no Pastor Alemão, mais côncavo no Boxer, a angulação e orientação da cabeça do fémur no Mastin e Montanha dos Pirenéus, e a laxidão articular típica do Pastor Alemão, explicam as diferentes percentagens de incidência em raças de peso e desenvolvimento ponderal similares.
• Fatores Ambientais - Um excesso de alimentação. Ligado, geralmente, à alimentação "ad libitum" influencia a velocidade de crescimento do animal. Um animal jovem, com uma arquitetura óssea ainda não compacta, que tem de suportar um peso excessivo poderá estar disposto a desenvolver Displasia da Anca. A sobrealimentação com dietas de elevado teor energético cálcio, vitaminas, etc. devem ser evitadas sobretudo na idade máxima de crescimento, entre os 3 e os 8 meses de idade.
• Exercício - Fator a considerar na etiopatologia da displasia da anca. Exercícios violentos incrementam a laxidão articular. Um exercício moderado que permita um desenvolvimento muscular apropriado aumenta a estabilidade articular e ajuda a prevenir a displasia da anca.
Sintomas Clínicos São muito variáveis e com uma certa independência das lesões osteoartrósicas, radiologicamente evidentes. Não há um paralelismo entre sintomas clínicos e sinais radiográficos, apresentando-se um amplo leque de possibilidades desde animais displásicos assintomáticos a animais paraplégicos.
Uma marcha anormal, juntando os curvilhões, dificuldade em levantar-se ou saltar, dor à manipulação da extremidade sobretudo em hiperextensão, etc., são sinais sugestivos de displasia que terão de ser confirmados com radiologia.
Classicamente distinguimos dois grupos de animais com sintomatologia clínica
• Animais jovens de 6 a 12 meses de idade que manifestam sinais de forma, mais ou menos, intermitente e transitória. Este facto deve-se à existência de micro fraturas. Dolorosas, que acontecem sobretudo no bordo acetabular por laxidão articular. Posteriormente a rápida ossificação das mesmas leva a um desaparecimento mais ou menos transitório da dor.
• Um segundo grupo de animais estaria representado por animais de 4 a 5 anos ou mais quando já se estabeleceram lesões irreversíveis de osteoartrose. Nos animais jovens podemos tentar realizar um diagnóstico precoce da laxidão articular mediante o teste de Ortolani. Coloca-se o animal em decúbito lateral, pressiona-se o joelho na direção do trocânter o que facilita a luxação da cabeça femoral. Mantendo a pressão, movemos a extremidade para o exterior (abdução), o que vai provocar a recolocação da cabeça do fémur no interior do acetábulo. Em cachorros com laxidão articular (predisposição para a displasia), notamos um ruído quando a cabeça femoral recupera a sua posição normal.
• O valor diagnóstico é discutível, já que se é positivo o animal geralmente terá displasia, se é negativo a dúvida persiste.
O sinal de Bardens também se utiliza para determinar o excesso de laxidão articular de forma precoce em cachorros. Consiste em tentar separar a cabeça femoral do acetábulo mediante uma força de abdução alta, com o animal posicionado em decúbito lateral. Cerca de 75% dos animais positivos a estes testes serão displásicos na idade adulta.
Diagnóstico radiológico. O estudo radiológico é atualmente o único meio de diagnosticar a displasia coxofemoral.
No Pastor alemão, por exemplo a fiabilidade de deteção por radiografia é de 16% aos 6 meses de idade, 70% ao ano de idade, 82% aos 18 meses de idade e 95% aos 2 anos de idade. A radiografia oficial deve ser feita aos 18 meses (nunca em fêmeas em cio). A técnica radiológica standard, aceite universalmente, requer a sedação ou anestesia do animal, colocando o animal em decúbito dorsal com os posteriores distendidos, paralelos e submetidos a rotação interna, de modo que as rótulas se situem sobre a tróclea do fémur, evitando a rotação das pélvis. A simetria deve ser perfeita.
A classificação dos graus de displasia varia segundo os países. A classificação aceite no nosso país, é a proposta pela Federação Cinológica Internacional (FCI):
Nenhum sinal de displasia - Grau A
Forma de transição - Grau B
Displasia Leve - Grau C
Displasia Moderada - Grau D
Displasia Grave - Grau E
TPLO
É uma técnica cirúrgica para resolução de rutura do ligamento cruzado anterior, denominada de Tibial Plateau Leveling Osteotomy (TPLO) e que tem, de longe, o melhor prognóstico de todas as técnicas cirúrgicas utilizadas até o momento. Passamos a descrever algumas particularidades da técnica. A rutura do ligamento cruzado anterior (LCA) é a causa mais comum de claudicação do membro posterior do cão. Esta lesão origina alterações degenerativas na articulação do joelho, incluindo lesões cartilagíneas e ósseas.
A TPLO é eficaz na correção da rutura dos ligamentos cruzados, repondo uma função articular normal.
Biomecânica
Apesar das articulações dos joelhos dos cães e dos humanos serem similares, as forças aplicadas nas superfícies dessas articulações ao suportar o peso corporal são muito diferentes. Isto deve-se às diferenças de configuração anatómica. Como um carro numa superfície plana não tem tendência para deslizar, nos humanos, as articulações das ancas, joelhos e tornozelos são paralelas entre si e perpendiculares à superfície de sustentação do peso, o pé. Assim nós podemos manter-nos de pé facilmente sem fazermos muito esforço nas articulações. Os cães, no entanto, apoiam-se nos seus dedos, com os tornozelos inclinados e os joelhos dobrados para a frente. A porção superior da tíbia canina (meseta tibial ou “Plateau” tibial) é inclinada. Ao suportar o peso corporal cria-se uma força compressiva do fémur sobre o declive da meseta tibial obrigando a tíbia a deslocar-se cranialmente. Esta força é denominada deslocamento craneal da tíbia. Este deslocamento é apenas limitado pelo ligamento cruzado anterior. Tal como um carro numa superfície inclinada tem a tendência a descer o declive, o ligamento funciona como um cabo preso ao carro, evitando que desça (Fig.3). Em cada passo que o cão dá é sempre o ligamento que está sujeito a esforço. Ao longo do tempo, cães com uma grande inclinação da meseta tibial sujeitam o ligamento cruzado anterior a um enorme esforço. Assim, quando o deslocamento craneal da tíbia é exagerado significa que existe rutura de ligamento cruzado anterior.
Ruturas do LCA apresentam-se clinicamente em várias formas. Existem acidentes particulares que causam rutura completa aguda, associada a dor severa e claudicação sem apoio do membro. Outras ruturas ocorrem em pequenos incrementos ao longo do tempo sendo denominadas como ruturas parciais do LCA. Estes tipos de ruturas caracterizam-se por uma dor ligeira e uma claudicação moderada associada a perda da capacidade atlética. Quando ruturas parciais evoluem para ruturas completas, esta transição é geralmente gradual.
Outras duas estruturas importantes nos joelhos são os meniscos lateral e medial (almofadas cartilagíneas). Estas estruturas estão também sujeitas a lesão quando o joelho se encontra instável devido a rutura do ligamento cruzado. A técnica TPLO é a mais indicada para pacientes ativos de médio e grande porte pois proporciona uma estabilidade notável sobre esforços extremos repetidos. As técnicas cirúrgicas tradicionais para este tipo de pacientes requeriam longos períodos de repouso completo de modo a permitir a cicatrização do ligamento cruzado anterior de substituição sintético ou natural. Estes tipos de técnicas são falíveis pois a restrição completa do exercício neste tipo de pacientes por longos períodos é quase impossível. Qualquer tipo de atividade pode levar à rutura do ligamento artificial e/ou colaterais, a uma flexão incompleta do joelho e a fraca capacidade atlética.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito após uma demonstração clara de deslocamento craneal da tíbia exagerado (teste de gaveta). O diagnóstico é fácil em ruturas agudas e completas, mas pode ser mais subjetivo em ruturas parciais ou crónicas. Uma sedação ligeira pode ser necessária de modo a permitir um relaxamento muscular e a obtenção de radiografias, para demonstrar a presença de alterações artríticas.
Técnica Cirúrgica TPLO
A osteotomia de nivelamento da meseta tibial (TPLO) é usada para neutralizar o efeito do deslocamento craneal da tíbia. Basicamente, esta técnica vai nivelar a meseta tibial através de uma osteotomia com curva da tíbia e posterior ajustamento num ângulo pré-determinado, de modo a que a nova posição da meseta tibial anule a necessidade de existir o LCA como restritivo. Por outras palavras, em vez de substituir o cabo que quebrou, esta técnica vai anular o declive da superfície, eliminando a necessidade de um novo cabo.
Lesões meniscais são também corrigidas durante a cirurgia de modo a prevenir futuras alterações artríticas na articulação. Cuidados Pós-Operatórios A cicatrização demora cerca de dois meses para o osso e um pouco mais para os tecidos moles. Uma restrição de exercício é obrigatória durante o processo de cicatrização. Como o novo nivelamento da meseta tibial permite uma rápida diminuição da dor articular, o maior problema durante a recuperação é a atividade excessiva do paciente antes da completa cicatrização óssea. A maioria dos pacientes retoma uma atividade completa ao fim de 3 a 4 meses. Os pacientes podem recuperar a sua performance atlética (caça, provas de agilidade, corridas de cães) geralmente ao fim de 6 meses de pós-operatório.
-Dr. Mário Santos, MV
MIELOPATIA DEGENERATIVA
Descrição:
É uma doença neurológica progressiva que afeta primeiramente o sistema nervoso ligado à musculatura dos quadris e patas traseiras. Inicialmente o animal apresenta fraqueza e incordenação dos membros traseiros, atingindo mais tarde também as patas da frente. Os primeiros sinais clínicos começam a partir dos 5 anos, mas podendo começar mais tarde. O animal rapidamente perde os movimentos das patas traseiras, e com o tempo (em torno de um ano), do restante do corpo. Não existe cura ou tratamento para esta doença.
Recentemente descobriu-se se tratar de uma doença genética, causada por uma mutação já conhecida. Cães podem ser portadores da mutação e nunca apresentar a doença, sendo chamados de ‘portadores assintomáticos’. No cruzamento de dois animais deste tipo, 25% dos filhotes irão nascer com a constituição genética de risco para desenvolver mielopatia degenerativa. Porém até o momento não se sabe qual a proporção destes animais realmente ficarão doentes, já que é uma doença da velhice, e muitos animais podem morrer antes de outras causas. Por ser uma doença recessiva, o cruzamento entre parentes aumenta muito a chance de nascimentos de animais doentes.
Diagnóstico:
Os sinais clínicos descritos acima levam à uma forte suspeita da doença, que pode ser confirmada com um exame clínico de um veterinário especialista em neurologia. Alguns exames podem auxliar no diagnóstico, como a análise do líquído cefalorraquidiano e RX da coluna do animal. O exame de DNA disponível para esta doença não deve ser utilizado como diagnóstico, mas apenas como um auxiliar neste processo, uma vez que nem todos os animais que se mostram afetados no exame de DNA realmente desenvolvem a doença.
Fontes:
-Suraniti AP e cols +351 917502890. Mielopatía Degenerativa canina: signos clínicos,diagnóstico y terapéutica. Revista electrónica .
- University of Prince Edward Island (Canadá).
- Laboratório Gensol.
UM PLANO NUTRICIONAL SAUDÁVEL E EQUILIBRADO…
Com base nos últimos conhecimentos científicos a ROYAL CANIN apoia o CPCSB e desenvolveu o programa nutricional ROYAL CANIN, baseado na escolha criteriosa de ingredientes ativos que permitem melhorar globalmente a saúde, o bem-estar e a condição física, disponibilizando uma gama de produtos otimizados para oferecer qualidade de vida ao seu companheiro de quatro patas.
Para a ROYAL CANIN, a nutrição do seu cachorro significa uma proteção e uma assistência dietética totais, tendo em conta a presença de todos os elementos essenciais necessários a uma correta alimentação. A ROYAL CANIN preocupa-se ainda com aspetos muito importantes como a Defesa Imunitária, a Pele e o Pelo, a Digestão, a Vitalidade, o Desenvolvimento Osteoarticular, a Higiene Oral e muitos outros…
Só ração seca?
Conhecemos bem a paixão que sente, e sabemos que muitos e muitos donos se preocupam com o facto de dar apenas ração seca ao seu cachorro…
Tal preocupação não é ao acaso, uma vez que ninguém gostaria de comer todos os dias a mesma comida, com o mesmo aspeto e o mesmo paladar… acontece que o Homem é um omnívoro… O cão é um carnívoro. E ser carnívoro não significa que come exclusivamente carne, mas sim que a carne constitui a maior parte da sua dieta. O ancestral do cão doméstico, o lobo, tem na natureza uma dieta rica e completa, mas muito pouco variada. Ela é essencialmente constituída por animais (carne, ossos, cartilagem e vísceras) e alguns vegetais. Por isso encontramos no cão uma flora intestinal específica e com pouca variedade bacteriana, o que justifica o stress digestivo que sofre sempre que há uma transição abrupta na sua dieta, resultando frequentemente em diarreias.
Para o cão, a apreciação completa de uma refeição é feita pelo olfato, através das emanações provenientes do alimento. Ele é por instinto um animal de matilha, e como tal, tem de ingerir o alimento o mais rápido possível antes que alguém lho roube. O seu companheiro não vai degustar uma refeição!
Assim, por muito que nos custe, cão é cão e tem necessidades especificas que devem ser sempre respeitadas e satisfeitas de acordo com a sua natureza. Os cães devem ter uma dieta rica, complexa e equilibrada, mas não muito variada. A ração seca é atualmente o alimento completo por excelência utilizado em nutrição canina.
A refeição…
Os cães gostam e devem ter uma rotina bem estabelecida. Só assim é que eles conseguem ajustar o seu ritmo biológico ao nosso estilo de vida. Por este motivo o dono deve tentar que a hora e o intervalo entre refeições seja constante, bem como adaptar o alimento à idade e tipo de atividade do seu animal. Há quem tenha a tendência de comparar o cão com uma criança… Mas na verdade essa comparação é um erro biológico que pode ser muito perigoso para o cachorro, visto estes terem necessidades totalmente diferentes.
O Número de refeições…
Até aos 6 meses de idade devem ser oferecidas 3 a 5 refeições diárias. Isto porque o estômago de um cachorro é muito pequeno face às suas necessidades nutricionais. Após esta idade o número de refeições deve diminuir para duas, pelo menos até ao final do período de crescimento. Em adulto poderá passar para uma refeição diária, sendo sempre preferível duas. Deve solicitar ao criador um pouco de ração que o cachorro comia e misturá-la com a sua nos primeiros dias. Esta condição diminui o stress digestivo e a ocorrência de diarreias.
Controle a Obesidade…
Estudos recentes indicam que cerca de 20% da população canina é obesa. Infelizmente a obesidade por si só raramente é motivo de consulta. Cabe ao Médico Veterinário alertar os proprietários que se trata de uma doença e estabelecer um plano de prevenção adequado. A prevenção da obesidade deve ser iniciada o mais cedo possível em função dos fatores de risco do animal: esterilização, sedentarismo, predisposição racial, etc. Há que ter sempre presente que um ligeiro excesso de peso evolui frequentemente para uma obesidade declarada.
Dietas ricas em proteína possuem várias vantagens: são facilmente aceites pelo animal, regulam o apetite e favorecem a massa magra (músculo) em detrimento da massa gorda (tecido adiposo). Existem atualmente duas escalas para mensurar a condição corporal do animal: uma de 9 e outra de 5 estádios, sendo a última a mais utilizada. Os cinco estádios são: Caquético, Magro, Normal, Obeso Moderado e Obeso, em que para o classificar são utilizados para além do peso, parâmetros como silhueta, proeminência do esqueleto, quantidade de tecido sobre as costelas, etc… Um obeso moderado é um animal de risco à obesidade.
Controle a dose…
As doses preconizadas nas embalagens correspondem às necessidades reais do seu cachorro. Devem ser rigorosamente seguidas, evitando um plano nutricional inadequado.
A digestão…
Brincar é uma atividade que é fundamental para todo o desenvolvimento físico, intelectual e afetivo do cachorro. E é altamente recomendado que o faça. No entanto o descanso para a digestão é obrigatório! Correr e saltar após a refeição é perigoso pois além de provocar o vómito, pode causar uma patologia chamada Síndrome da Dilatação/Torção Gástrica, onde a agitação gera uma obstrução ao normal esvaziamento do estômago podendo este dilatar e torcer sobre o seu próprio eixo. É uma patologia frequente, com maior incidência em raças grandes e gigantes e que só é solucionada com tratamento cirúrgico quando detetada a tempo. Infelizmente a mortalidade é elevada.
Água fresca
O seu cachorro deve ter sempre água fresca à disposição. Os alimentos secos contêm um teor em água inferior a 12%. São alimentos completos e equilibrados que lhe fornecem todos os nutrientes indispensáveis (proteínas, lípidos, hidratos de carbono, minerais e vitaminas), mas devem ser sempre acompanhados por água fresca.
Pele e Pelagem …
A Pele e a Pelagem constituem a primeira linha de defesa do organismo contra as agressões do meio ambiente e desidratação. Algumas doenças estão relacionadas com a ineficácia destes mecanismos de defesa. Certos nutrientes específicos permitem melhorar a barreira cutânea, contribuindo para limitar assim o risco de certas patologias.
Chocolate nem pensar…
Existem três bases xânticas que o Homem utiliza no seu regime alimentar: a cafeína (café), a teína (chá) e a teobromina (chocolate). Todo o chocolate contém teobromina, que é ALTAMENTE TÓXICA para o cachorro, agora e em qualquer fase da sua vida. Cerca de 345mg de teobromina podem ser letais para um cão de 10kg, o que corresponde aproximadamente a 150g de chocolate preto.
Entender melhor a Nutrição.
Energia digestível → É a quantidade de energia efetivamente disponível para o cachorro que é obtida através da absorção e metabolização dos nutrientes da dieta. É fundamental uma dieta rica em Energia Digestível sobretudo na primeira fase do crescimento do cachorro. Porém, uma dieta com excesso energético vai favorecer a deposição de massa gorda podendo muitas vezes atingir a obesidade. É fundamental que o cachorro não cresça gordo. Estudos recentes comprovam que cachorros gordos têm maior predisposição para patologias osteoarticulares, nomeadamente a displasia articular.
Proteínas → As proteínas são grandes moléculas compostas por unidades mais pequenas designadas por aminoácidos. As enzimas, denominadas protéases, decompõem as proteínas da alimentação em aminoácidos e pequenos péptidos suscetíveis, ao contrário daquelas, de serem absorvidos pelo organismo. É da combinação que é feita a partir de aminoácidos distintos que o organismo produz as proteínas de que necessita. Entre os aminoácidos há alguns que, não sendo produzidos pelo corpo, terão de ser fornecidos pela dieta – são os aminoácidos essenciais. Uma boa fonte proteica é essencial para uma nutrição equilibrada.
Gordura → Importante fonte de energia. É necessária para a absorção de vitaminas lipossolúveis, para a saúde da pele e do pelo.
Hidratos de carbono → Os hidratos de carbono, também conhecidos por glícidos, devem representar a principal fonte de energia da dieta do cachorro, entre 55 e 75%. São constituídos por unidades básicas denominadas oses. Todos os hidratos de carbono são decompostos no organismo através da ação de enzimas específicas até à sua forma mais básica, sendo então absorvidos e metabolizados. Uma alimentação rica em hidratos de carbono complexos é fundamental para garantir um funcionamento adequado do organismo e ajuda a manter um peso saudável, uma vez que garante bons níveis de saciedade.
Vitaminas → As vitaminas são compostos orgânicos necessários em quantidades mínimas para atuar em múltiplas reações do metabolismo. Salvo raras exceções, o organismo não consegue sintetizar as vitaminas e estas devem ser fornecidas através da alimentação.
Vitamina A
Carência: Alterações do crescimento, Falhas na reprodução, Distúrbios oculares, Problemas dermatológicos, etc.
Excesso: Anomalias no esqueleto, Hiperestesia (aumento da sensibilidade à dor).
Vitamina D
Carência: Raquitismo, Osteomalácia, Hiperparatiroidismo.
Excesso: Hipercalcémia (aumento de cálcio no sangue), Calcificação de tecidos moles, Reabsorção óssea.
Vitamina E
Carência: Falhas na reprodução e Alterações ósseas.
Excesso: Não tóxica.
Vitamina K
Carência: Hemorragias.
Excesso: Não tóxica.
Complexo B
Carência: Alterações do sistema nervoso, Anorexia, Perda de peso, Dermatites, Anemia, Leucopenia. Excesso: Não tóxica.
Vitamina C
Carência: Fadiga, Perda de apetite, Diminuição da resistência a infeções.
Excesso: Não tóxica.
Minerais → São elementos inorgânicos com múltiplas funções no organismo e que se encontram em baixas quantidades. São essenciais para a vida. Representam cerca da 4% do peso corporal do indivíduo.
Cálcio
Carência: Raquitismo, Osteomalácia, Hiperparatiroidismo.
Excesso: Alterações no desenvolvimento ósseo, provoca deficiências noutros minerais.
Fósforo
Carência: Raquitismo, Osteomalácia, Hiperparatiroidismo.
Excesso: Provoca deficiência de cálcio.
Magnésio
Carência: Calcificação dos tecidos moles, Alterações ósseas.
Excesso: Pode provocar cálculos urinários.
Enxofre
Carência: É rara, pode provocar problemas dérmicos.
Excesso: Não se produz.
Sódio Carência:
Não se produz.
Excesso: Não se produz.
Potássio
Carência: Debilidade muscular.
Excesso: Não se produz.
Cloro
Carência: Não se produz.
Excesso: Não se produz.
Ferro
Carência: Anemia.
Excesso: Não se produz.
Cobre
Carência: Anemia.
Excesso: Doenças hepáticas em animais predispostos.
Zinco
Carência: Dermatite, Problemas reprodutivos, Atraso no crescimento.
Excesso: Provoca deficiência de cálcio e cobre.
Manganês
Carência: Atraso no crescimento.
Excesso: Não se produz.
Iodo
Deficiência: Hipotiroidismo, Atraso no crescimento.
Excesso: Não se produz.
Selénio
Carência: Problemas cardíacos.
Excesso: Problemas cardíacos, Hepatite, Nefrite.
Cobalto
Carência: Anemia.
Excesso: Não se produz.
Ácidos gordos essenciais:
Estes compostos são chamados “essenciais” porque o organismo do cão é incapaz de os sintetizar, logo eles devem ser fornecidos pela dieta. Em caso de carência de ácidos gordos essenciais, a pele evidencia uma considerável descamação assim como uma alteração de função da barreira cutânea devido à produção de ceramidas de má qualidade.
Ómega 6:
Complexo de ácidos gordos essenciais constituídos por ácido linoleico, ácido γ-linolénico e ácido araquidónico. O ácido linoleico participa na permeabilidade cutânea, ao passo que o ácido araquidónico é responsável pela regulação da proliferação celular da epiderme através das prostaglandinas E2.
Ómega 3:
Complexo de ácidos gordos essenciais constituídos por ácido α-linoleico, ácido Eicosapentaenóico (EPA) e ácido Dosahexaenóico (DHA). São reconhecidas cientificamente as suas propriedades anti-inflamatórias. Os ácidos gordos Ómega 3 limitam a atividade citotóxica de determinadas células como os macrófagos.
L-carnitina:
Apesar de não ser considerada um nutriente essencial (por ser sintetizada pelo organismo a partir da metionina e da lisina), estudou-se que a sua incorporação na dieta preserva a massa magra (músculo) em detrimento da massa gorda (gordura). A L-carnitina é um aminoácido indispensável para a produção de energia a partir de ácidos gordos de cadeia longa.
Glicosaminoglicanos (GAGs):
A glucosamina é o precursor do sulfato de condroitina. Estas moléculas protegem as cartilagens articulares e evitam o desenvolvimento de osteoartrite em cães idosos. A sua incorporação na dieta do cão é preventiva para patologias osteoarticulares a longo prazo.
Β-caroteno:
É um carotenóide precursor da Vitamina A. É muito conhecido e utilizado pelas suas propriedades antioxidantes, sendo a sua incorporação benéfica para a saúde e longevidade do cão.
Mano-oligossacarídeos (MOS):
São fibras não fermentáveis que limitam o desenvolvimento de bactérias potencialmente nocivas no intestino. Os MOS ligam-se às células da mucosa intestinal (enterócitos), ocupando os locais onde as bactérias nocivas se fixam.
Fruto-oligossacarídeos (FOS):
São fibras fermentáveis que estimulam o desenvolvimento da flora benéfica como as bifidobactérias ou lactobacilos e inibem a proliferação de bactérias patogénicas.
Lecitina:
É um constituinte fundamental da estrutura da membrana celular. Estudos recentes demonstraram que a lecitina, além de proteger as células contra a oxidação, tem um papel importante na regulação dos níveis de colesterol e triglicéridos no sangue.
Zinco-Metionina:
É uma associação entre um metal e um aminoácido. São muitos os benefícios para a saúde e crescimento que o consumo de zinco oferece. O Zinco-Metionina tem maior absorção do que o zinco simples, aumentando assim todos os benefícios do zinco.
BOIEIRO DE BERNA
Facilmente reconhecidos, estes bonecos de peluche em tamanho real são originários da Suíça, onde apareceram pela primeira vez, ainda sem estalão definido em 1902. No entanto, pensa-se terem sido levados para a região por soldados romanos, que os usavam como cães de combate. Com a retirada das tropas, tornaram-se animais extremamente polivalentes, sendo usados como cão de condução e guarda de gado, procura de gado perdido e tração de carroças. Hoje em dia são muito utilizados como cães de salvamento em avalanches e escombros. Em décadas anteriores eram utilizados na Suíça rural para as mesmas funções do São-Bernardo, mas sendo menos conhecido como animal de companhia fora da sua área de origem.
No que diz respeito à conformação corporal, trata-se sem dúvida de um animal encorpado, bem proporcionado, com membros musculares e vigorosos. A sua cabeça é poderosa, possuindo um nariz grande, lábios pequenos, olhos castanhos em forma de amêndoa e orelhas triangulares, com um base ampla e extremidade arredondada.
Relativamente à pelagem, a sua palete de cores é facilmente reconhecida: a pelagem tricolor (fundo preto com manchas castanhas nos olhos, bochechas e patas e marcas brancas no peito, pés, ponta da cauda e cabeça, é bastante característica. O pelo comprido, ondulado é de fácil manutenção, pelo que uma escovagem semanal é suficiente.
A sua personalidade é talvez o maior ponto a favor da raça: calmo, equilibrado, dócil, carinhoso, alegre, inteligente e obediente. São animais de família, sendo extremamente dedicados aos donos, nunca os desafiando. Tranquilo, quando está dentro de casa é pouco ativo e muito silencioso. É um membro integrante da família, segue o dono para todo o lado, e quando não o pode fazer fisicamente, segue-o com o olhar, mantendo sempre a atitude de vigilância e proteção. As crianças adoram-no e ele adora as crianças, sendo bastante tolerante às suas brincadeiras e bastante carinhoso com elas.
Como cão de porte grande, deve ter um local com bastante espaço para se movimentar, embora as suas necessidades em exercício sejam reduzidas. No entanto, não deve ser deixado sozinho num apartamento, uma vez que não suporta a solidão.
No que diz respeito à saúde, são animais bastante resistentes. No entanto, como qualquer outra raça aperfeiçoada geneticamente ao longo dos séculos poderão apresentar certas predisposições para:
- Problemas músculo-esqueléticos: Displasia do cotovelo, Displasia da Anca, Polartrites, osteocondrose do ombro
- Neoplasias: hemangiossarcoma, histiocitose maligna
- Problemas oculares: entrópion, ectrópion, cataratas, atrofia progressiva da retina
- Problemas renais: glomerulonefrites
- Problemas gastrointestinais: Torsão e Dilatação gástrica
Sendo animais de grande porte, os principais problemas a que estamos atentos e que podem ser diagnosticados e corrigidos precocemente são a displasia da anca e do cotovelo, assim como a situação de emergência da DTG.
A Madalena Resende, do Grupo Bouvier Bernois Portugal, fez esta brilhante síntese a alguém que estava à espera do seu primeiro BB e pretendia fazer um orçamento mensal de despesas, com o seu novo exemplar:
-Veterinário: -Nos primeiros meses terá mais despesas, plano de vacinação, desparasitações internas e chip (se não vier já colocado do criador).
Se for um cachorro/cão saudável as despesas serão as normais com vacinas anuais e as desparasitações internas.
*Aconselho a ter um seguro de saúde pois se tiver muitos extras, como otites, dermatites, necessidade de cirurgias, exames clínicos, análises, etc. Compensa bastante o cão estar segurado.
-Alimentação: -Uma ração de qualidade ronda entre os 60/80€ por mês. Se adquirir on-line consegue preços mais simpáticos.
-Desparasitações externas: -Tem várias opções no mercado, a coleira Seresto que tem a duração de 8 meses são 40€ aproximadamente, se for o Bravecto comprimido e que tem a duração de 3 meses será aproximadamente 36€. Existem pipetas de colocação mensal também mas o melhor é se aconselhar com o veterinário de qual a melhor opção.
-Higiene: -Banhos de 3 em 3 meses mas tudo dependerá do meio onde o cão vive. O Bouvier Bernois mantém-se bem sem banhos mensais, a escovagem é muito importante para a manutenção do pêlo em boas condições, 1x por semana é suficiente excepto nos períodos de muda (2x ano) que será e verá que deve escovar todos os dias.
Valor dos banhos-35/50€
-Escovas: -10€ em média cada uma (convém habituar desde cedo às escovagens porque é essencial).
-Condroprotectores: -Muitos veterinários aconselham no período de crescimento (até aos 12-18 meses), é um suplemento de condroitina e glucosamina para ajudar a reforçar as articulações em cães de raça grande neste período.
-Valor médio: -50€ mês.
-Bebedouros: -Aconselho de pé alto em inox com os dois pratos (água e comida). Compre o maior porque ele vai crescer e eles são reguláveis em altura.
-Cama: -Preferem dormir no chão fresco e procuram as zonas mais frescas da casa. Não é um acessório de primeira necessidade para os primeiros tempos.
Acho que já consegue fazer uma estimativa do que vai gastar em média mensalmente.
Boa sorte!
Mais informação sobre os BB (selecione a imagem para seguir a ligação) em:
Um seguro de saúde para o seu exemplar é algo que deve considerar.
Seguro para animais - Seguro Pétis:
Seguro para animais - Seguro N PET